A turbulência no cenário internacional provocada pela crise entre Rússia e Ucrânia fez com que o mercado passasse por uma intensa volatilidade. Com isso, o sentimento de aversão ao risco tem se espalhado e, nesse cenário, é esperado que os investidores busquem investir com segurança em moedas fortes, como o dólar.
Esse movimento de mercado deve culminar em uma desvalorização do real – que vinha crescendo nos últimos dias. Neste artigo, iremos explicar os principais causadores da crise, os cenários e os impactos para seus investimentos.
Boa leitura!
Cenário Rússia e Ucrânia
As divergências entre Rússia e Ucrânia remetem ao final da Guerra Fria (1991) – que culminou no rompimento da URSS. Na época da dissolução da União Soviética, a recém-independente Ucrânia ficou com o terceiro maior arsenal atômico do mundo, uma vez que era uma das zonas responsáveis por armazenar parte das armas nucleares. Com o fim do conglomerado, a Rússia negociou a retirada das armas da Ucrânia – que abriu mão em troca de garantia de que a Rússia não atacaria suas fronteiras e respeitaria a soberania local.
No entanto, a crescente aproximação da Ucrânia com o Ocidente fez com que as tensões voltassem, visto que o país mostrou interesse em entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ou mesmo na União Europeia (UE). O presidente da Rússia, Vladimir Putin, passou a ver essa proximidade como uma ameaça aos seus interesses políticos, comerciais e zonas de influência russa no Leste Europeu e, nesta quinta-feira (24) iniciou um ataque militar em larga escala contra a Ucrânia.
Ainda é cedo para determinar quais serão os desdobramentos dessa crise, tanto na política como na economia, no entanto, há alguns cenários possíveis. Confira:
- Resolução por vias diplomáticas. Mediante a negociação direta entre os oponentes ou ainda com a participação de terceiro, porém sem caráter impositivo.
- Conflito localizado no leste da Ucrânia. Aqui, o governo russo apoiaria movimentos separatistas em províncias do país vizinho, com intuito de anexá-las posteriormente.
- Conflito com participação de tropas russas e ucranianas. Seria um conflito direto com participação ativa dos exércitos ucraniano e russo, com provável intuito de trocar o governo da Ucrânia.
China invade espaço aéreo de Taiwan
Além do ocorrido entre Rússia e Ucrânia, Taiwan alertou, nesta quinta-feira (24), que nove aeronaves chinesas entraram em sua zona de defesa aérea. Segundo o ministério da Defesa Local, oito caças chineses J-16 e um avião de reconhecimento Y-8 foram avistados em uma área a Nordeste das Ilhas Pratas, controladas por Taiwan, no extremo superior do Mar do Sul da China.
Em resposta, Taiwan enviou caças para alertar as aeronaves chinesas e mísseis de defesa aérea forma implantados para monitorar as atividades. Embora a incursão tenha terminado sem maiores incidentes, foi suficiente para aumentar a preocupação de Taiwan com uma eventual invasão chinesa.
Crise russa pode incentivar China a invadir Taiwan?
Segundo Guilherme Casarões, especialista em ciência política e professor de Relações Internacionais da FGV, é bastante improvável que isso aconteça.
Enquanto a Ucrânia, historicamente, possui laços mais fortes com a Rússia do que com o Ocidente, e só recentemente atraiu a atenção da Otan, Taiwan possui uma importância geopolítica muito grande para os Estados Unidos, sendo uma espécie de protetorado americano.
Desse modo, mesmo sem ter o status de país reconhecido pela comunidade internacional e sem tratados oficiais de proteção, Taiwan conta com a defesa de aliados poderosos.
Como esses conflitos afetam os investimentos
A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo, atrás apenas dos EUA e da Arábia Saudita, e o segundo maior produtor de gás natural. A maior fonte de receita de petróleo e gás natural da Rússia é a Europa e, como já vimos no passado, conflitos geopolíticos envolvendo países produtores de commodity tendem a trazer bastante volatilidade nos preços.
Além dos commodities de energia, os preços dos agrícolas também têm sido afetados, pois, ambos os países são grandes exportadores de milho e fertilizantes e, assim como o setor de energia, os preços agrícolas são fortemente afetados pelos conflitos.
Para o Brasil, a alta de commodities tende a beneficiar a Bolsa, uma vez que quase 40% do índice Ibovespa são de empresas ligadas a commodities. Dessa forma, a subida nos preços das commodities tende a ser positiva para o Ibovespa.
No entanto, maiores preços de energia e alimentos é uma pressão ainda maior na inflação global, o que coloca em pauta a subida de juros. No Brasil, por exemplo, o IPCA atingiu 10,4% em janeiro, na Zona do Euro a inflação acelerou para 5,1% e nos EUA a inflação atingiu a maior alta em 40 anos.
A Bolsa brasileira também pode se beneficiar ao se tornar um destino para investidores que irão migrar os recursos da bolsa russa.
Como investir em tempos de crise
As recomendações para investir variam de pessoa para pessoa, pois as estratégias dependem dos objetivos e perfil investidor de cada um.
Para Lucas Brigato, head de câmbio, sócio e assessor da Ethimos Investimentos, os preços do dólar, ouro e commodities subirão, além dos papéis de renda fixa atrelados à inflação e à taxa do CDI, sendo boas opções de investimentos.
Outra alternativa é alocar o capital em ações de empresas que podem ser beneficiadas em um cenário de valorização das commodities, como as ações de bancos nos EUA, pois esses papéis tendem a se valorizar com a elevação dos juros por lá. Dessa forma, os investidores podem aplicar em fundos sem hedge cambial ou em BDRs.
Independente do que acontecer, é muito importante contar com a ajuda de um assessor de investimentos para ter recomendações sobre o cenário mais adequado e os ativos recomendados.
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